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Mostrando postagens de setembro, 2017

Clair Patterson e a obsessiva medida do chumbo

Talvez poucos saibam, mas foi devido à medição da proporção entre urânio e chumbo que foi possível calcular a idade da Terra. Isso porque o urânio decai em chumbo. Assim, basta medir a proporção e teremos a idade, já que sabemos a meia-vida do urânio. O chumbo, apesar de tóxico, desempenhou grande papel para a humanidade. E já se sabia da toxidade no Império Romano, que via o mal que o metal fazia com mineradores e fundidores -a ponto de chamarem a doença de saturnismo- e mesmo assim insistiam em fabricar canos de chumbo para transportar água. O cientista Harrison Brown, da Universidade de Chicago, descobriu o decaimento do Urânio em chumbo  em 1947 e escolheu Clair Patterson, um aluno brilhante, recém-formado, para fazer a pesquisa. E Patterson fez algo mais, salvou a humanidade de um colapso. Patterson nasceu no Iowa, em 2 de junho de 1922, filho de um carteiro, graduou-se em geoquímica no Grinnell College em Grinnell, recebeu seu Ph.D. na Universidade de Chicago, e sempre trabalhou

A idade das rochas da Terra: como elementos radioativos ajudam a medir o tempo

Como os cientistas calculam a idade do planeta Terra? Através da geocronologia, que é a ciência que estuda métodos para determinar o tempo geológico, ou seja, o registrado nas rochas. Até o século XVII, estimava-se a idade da Terra em até 100 milhões de anos. Obviamente, não havia bons métodos.(Leia também o post anterior: Preâmbulo para calcular a idade da Terra ) Atualmente, a radioatividade permite estimar a idade de uma rocha com precisão. Como? Alguns elementos químicos emitem partículas radioativas, transformando-se em outros elementos. A descoberta da radioatividade aconteceu em 1896. Em 1911, Arthur Holmes, propôs a datação radioativa: usando o tempo que um átomo instável (conhecido como nuclídeo radioativo) emite espontaneamente radiação e se transforma em um elemento estável. Como cada elemento radioativo desintegra-se em um tempo determinado, pode-se calcular a idade. Dessa maneira o elemento-pai (radioativo) se desintegra emitindo radiação e se transforma no elemento-fil

Preâmbulo para calcular a idade da Terra: camadas de gelo nos polos podem ajudar?

O ser humano tem uma característica maravilhosa, a diversidade. Absorvemos conhecimentos por experiência própria e por meios de transmissão, como livros e TV, isso forma nosso modo de pensar, nossas filosofias, religiões e teorias científicas. Nossa contribuição atualmente é insignificante, salvo raras exceções, porque tudo está formado, embora nos comportemos como os descobridores daquilo que seguimos. Também julgamo-nos sábios e queremos impor nossas “verdades” aos demais. Às vezes, exageramos e passamos dos limites. Assim, a primeira qualidade para viver em comunidade é o respeito ao livre-pensamento, ao que o outro pensa e crê. Para os judeus, Deus criou o universo e a Terra há quase 6000 anos. Já os hindus criam que tudo fora criado há mais de 8 bilhões de anos, caso único de uma cultura acreditar nisso. Para a ciência, hoje, calcula-se em mais de 12 bilhões de anos. Sendo que a Terra teria uns 4 bilhões e a há um bilhão de anos, as primeiras plantas liberam oxigênio na atmosfe

O destino do Universo, é cíclico ou terá um fim?

Desde que a Teoria do Big Bang foi aceita (ou seja, o Universo nasceu de uma grande e inimaginável explosão há uns 13 bilhões de anos e, desde então, o Universo continua em expansão) uma nova questão surgiu aos cientistas: o que acontecerá? Expandirá para sempre? Parará a expansão e implodirá? E para responder a essa pergunta fundamental, uma equipe de cientistas do Laboratório Lawrence de Berkeley, chefiada pelo físico Dr. Saul Perlmutter, encontrou uma forma: observar supernovas. A supernova é uma estrela que, ao atingir uma grande massa, explode produzindo tanta luz quanto uma galáxia, por algumas semanas. E todas iluminam da mesma forma. Como as estrelas estão se movimentando, qualquer diferença deve ser atribuída ao efeito doppler. O efeito doppler é a alteração (distorção) na frequência de uma onda cuja fonte esteja em movimento como, por exemplo, um carro que se aproxima tem o som mais agudo do que quando se afasta, embora para quem esteja dentro do carro continue o mesmo som,

O Big Band do padre e o ruído das antenas da Bell

Já vimos aqui no Blog algumas teorias sobre as origens do universo e da humanidade. Mas... como surgiu a teoria do Big Bang? Que outras hipóteses existiam? Quem foi o autor? Durante milhares de anos, pergunta-se sobre a existência do universo. De onde vem tudo isso? Foi criado como ensina a Igreja? Ou terá sempre existido, conforme a tese de muitos filósofos? E quem está correto? No século passado uma resposta apareceu no horizonte para iluminar nossas mentes em nosso maior enigma. Em 1917, no monte Wilson, nos Estados Unidos, foi construído o maior telescópio. Esse telescópio deu-nos uma nova visão do cosmo. Na mesma época, Albert Einstein desenvolvia sua Teoria da Relatividade Geral. Nessa teoria, o universo de Einstein, necessariamente estaria se contraindo ou se expandindo, não poderia ser estático. Einstein acreditava, como todos, que o universo era estático, assim, ele introduziu um truque em suas equações: a constante cosmológica. Logo surgiu quem contestasse esse artifício. En

A Eva mitocondrial: o que o DNA pode nos mostrar sobre nossa evolução?

Aqui ainda vamos abordar evidências da "criação" do ser humano, emprestando o nome Eva. E mantemos em mente as provas físicas que fósseis nos deixam. Vamos explorar cada vez mais. Antes, tenhamos em mente que quando aparece alguma diferenciação em algum ser, este passa a ser o primeiro, ou seja, podemos chamá-lo de Adão ou de Eva. Todo animal ou planta originou-se de um primeiro. A Bíblia afirma que todos nós somos descendentes de uma única mulher, chamada Eva e de um único homem, chamado Adão. Cientistas fizeram análises de DNA de homens e mulheres do mundo todo e constataram que todos nós descendemos, de fato, de uma mulher que viveu, provavelmente, há 150 mil anos. O DNA é uma molécula que registra todas as informações para que um ser vivo exista e se reproduza. É o DNA que mantém a hereditariedade e que faz com que os filhos sejam semelhantes aos pais. O DNA localiza-se no núcleo das células, porém existe um DNA pequeno que habita o citoplasma das células, é o

Ancestrais humanos: sobre Lucy e outros fósseis

Vivemos um momento ímpar da história humana: o quebra-cabeça evolutivo da humanidade está sendo montado diante de nossos olhos mostrando-nos nossos antepassados. Em 30 de novembro de 1974, no sítio de Hadar, na Etiópia, foram descobertas centenas de fragmentos de ossos, aproximadamente 40% do esqueleto de um hominídeo. Na mesma noite, durante as comemorações pela grande descoberta, tocaram tanto "Lucy in the Sky With Diamonds" dos Beatles que acabaram por batizar o esqueleto de Lucy. O termo hominídeo é aplicado a toda a família zoológica Hominidae, que inclui Australopithecus e Homo. Embora sejam diferentes de muitos modos, os hominídeos dividem um conjunto de características que os definem como grupo. A principal característica é a locomoção sobre os dois pés. Lucy logo foi tida como ereta devido à descoberta, em 1978, na Tanzânia, de pegadas de dois hominídeos. Que oportunidade! O vulcão encheu o chão de cinzas, os dois hominídeos caminharam por cima e, logo depois, o vul

De hominídeos e humanos, de mitos a fatos

Deus plantou um jardim em Éden, o paraíso, no oriente, e aí colocou o homem que modelara, Adão (do hebraico Adamah, que vem do solo) e Eva (do hebraico Havvah que significa mãe dos homens). E Adão deu nome aos animais. Deus proibiu o homem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. A serpente, o mais astuto dos animais, enganou-os. Comeram do fruto e foram expulsos do paraíso. Deus multiplicou as dores do parto e institui o “trabalho”. Geraram muitos filhos e filhas. Dentre estes, Caim (agricultor) e Abel (pastor). Caim matou abel e fundou cidades. Esta visão do Gênesis, capítulos de 1 a 9, é extraordinária. Como poderia Moisés vislumbrar tal conhecimento? A ciência propõe uma explicação interessante, pelo menos nas palavras de Carl Sagan. Os mamíferos surgiram no final da era dos dinossauros. Inicialmente tinham hábitos noturnos, já que tinham temperatura constante, ao contrário dos terríveis répteis que necessitavam do calor diurno. Assim, os répteis (serpentes) caçavam os

Cosmogênese antropogênica

No princípio, Deus criou o céu e a Terra. Criou a luz, o dia e a noite. Criou as águas... A narrativa do Gênesis quer dar uma classificação lógica e exaustiva dos seres criados, que vêm à existência seguindo uma ordem crescente de dignidade, até o homem. O texto utiliza uma ciência ainda incipiente, quase inexistente, e não se deve procurar estabelecer concordâncias com a ciência moderna, não há como, falta vocabulário, método, conhecimento de fato. Apesar do Livro de Gênesis ter sido escrito há 3300 anos atrás, a visão da criação é muito boa. Veja-se que hoje calculamos que a Terra nasceu há quatro bilhões e meio de anos atrás. Meio bilhão de anos depois, iniciou-se o processo de criação da vida na Terra. Charles Darwin elaborou no século retrasado a Teoria da Evolução, uma tentativa de explicar cientificamente a origem da vida como uma consequência da evolução de espécies primitivas, através da mutação e seleção natural. Mutações são alterações das características dos indi

Cometas e Asteroides: Os cometas são observados desde a pré-história. Chamam a atenção pela sua forma exclusiva, como nuvens brancas e eles têm uma cauda que se parece com cabelos, daí o nome cometa (do latim), asteroides (do grego "como estrelas")

Desde os antigos gregos, acreditava-se que Saturno era o planeta mais distante. E, depois das descobertas dos satélites de Saturno e Júpiter, os astrônomos descobriram os cometas, os asteroides e os demais planetas do sistema solar. Os cometas são observados desde a pré-história. Chamam a atenção pela sua forma exclusiva, como nuvens brancas e eles têm uma cauda que se parece com cabelos, daí o nome cometa (do latim cabelo). Aristóteles foi o primeiro a propor uma explicação, seria um fenômeno da atmosfera. Em 1.531, Girolano Fracastoro estudou um cometa e observou que sua cauda sempre se dirigia para longe do sol, favorecendo a teoria de Aristóteles. Em 1.577, o dinamarquês Tycho Brahe tentou medir a paralaxe de um cometa, a olho nu, concluiu que estava bem mais longe que a Lua, se já tivessem inventado o telescópio... De qualquer modo, comprovou que não era um fenômeno atmosférico. Johannes Kepler sugeriu que os cometas seguissem órbitas elípticas como os planetas. Em 1.6

Cosmogênese: a origem do universo

No princípio era nada... Ou melhor era a singularidade, ou seja, toda a matéria e energia que existe no universo concentrada em um ponto de volume infinitamente pequeno (praticamente zero) e temperatura infinitamente grande. Isso porque matéria e energia não podem ser criadas. De repente, uma grande explosão, o “Big Bang”, matéria, energia e as leis da natureza são criadas. Isso ocorreu 13,7 bilhões de anos atrás, nos cálculos mais recentes. No primeiro milésimo de segundo, a temperatura diminuiu para 10 trilhões de graus e os quarks, criados na explosão, aglutinam-se formando prótons e nêutrons e, logo depois, os elétrons. Um minuto depois, a temperatura atingia um bilhão de graus e os prótons e nêutrons juntam-se formando o Hidrogênio, o Hélio e o Lítio. Centenas de milhões de anos depois as galáxias formaram-se. Estrelas geraram os átomos pesados e, finalmente, os sistemas planetários como o nosso. Que gerou seres que evoluíram até seres inteligentes que questionam a origem do

Planetas invisíveis

O céu sempre fascinou e aterrorizou a espécie humana. O sol, nossa fonte de calor e luz; os raios davam ao homem o fogo; a chuva e as estrelas que despertavam a imaginação e o surgimento de deidades que regeriam nossas vidas. Vimos que os astrônomos haviam identificado planetas, satélites naturais, cometas e asteróides.   Mas ainda faltavam descobrir os planetas distantes. Acreditou-se que Saturno era o planeta mais distante até 1.781 quando o inglês Willian Herschel descobriu o sétimo planeta, denominado Urano, pai de Kronos (Saturno) e deus do céu. Urano pode ser visto a olho nu e não foi descoberto antes simplesmente porque tem, no céu, cinco mil estrelas mais brilhantes. Comparado com Saturno, Urano tem 1/244 do brilho, sua distância do sol é o dobro e move-se com um terço da velocidade desse planeta. Essa lentidão levou o astrônomo francês Pierre Lemonnier a registrá-lo em treze posições diferentes, acreditando que eram estrelas diferentes. O próprio Herschel descobriu, em

Os planetas

O sol e as estrelas sempre despertaram fascínio e temor na espécie humana. Nossos mais longínquos antepassados associaram ao sol a fonte de calor e luz, personificando-o como um deus. O céu noturno foi lentamente povoado de deidades. Com o tempo, viram que nem todas as estrelas estavam fixas, havia sete viajantes (planetas em grego). Um era o sol. Outro era a Lua, que muda a cada quatro semanas. Dois deles só são vistos próximos ao sol, no entardecer ou amanhecer. O mais rápido foi chamado pelos gregos de Hermes (Mercúrio em Latim). O segundo, o mais brilhante, assemelhava-se a uma pedra preciosa, por isso chamado de Afrodite (Vênus), a deusa do amor e da beleza. O seguinte tem uma coloração avermelhada, associado ao sangue e à guerra, cujo deus é Ares (Marte). A seguir, vem o planeta mais brilhante do céu durante toda a noite, recebeu o nome do governante dos deuses, Zeus (Júpiter). O último, era o mais lento e de brilho fosco, batizaram-no com o nome de um deus idoso, Kronos

A Aurora da Ciência

Falar de Ciência é muito interessante e nada mais curioso do que desvendar o início. Como nasceu a Ciência? Como ela foi organizada? Ainda estudamos na escola alguma coisa dos primórdios?   Precisamos voltar ao início da própria espécie humana, quando nos tornamos caçadores e dominamos o fogo. Esses caçadores passavam os dias em caça e à noite reuniam-se em torno da fogueira, observavam as estrelas e imaginavam que eram outros acampamentos de caçadores. E se estavam no céu, por que não caíam? Deviam ser poderosos! Assim, nasciam as deidades celestes, uma para cada necessidade, que precisavam ser bajulados por sacrifícios. Nascia a "indústria" de sacerdotes. O método científico nasceu na ilha de Samos, no mar Egeu, entre os anos 600 e 400 A.C.. Os gregos colonizaram essas ilhas remotas do Mediterrâneo. Foi aí que ocorreu o primeiro conflito entre ciência e misticismo, natureza e deuses, onde se acreditou que o universo era compreensível porque era ordenado e organizado