De hominídeos e humanos, de mitos a fatos

Deus plantou um jardim em Éden, o paraíso, no oriente, e aí colocou o homem que modelara, Adão (do hebraico Adamah, que vem do solo) e Eva (do hebraico Havvah que significa mãe dos homens). E Adão deu nome aos animais. Deus proibiu o homem de comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. A serpente, o mais astuto dos animais, enganou-os. Comeram do fruto e foram expulsos do paraíso. Deus multiplicou as dores do parto e institui o “trabalho”. Geraram muitos filhos e filhas. Dentre estes, Caim (agricultor) e Abel (pastor). Caim matou abel e fundou cidades.

Esta visão do Gênesis, capítulos de 1 a 9, é extraordinária. Como poderia Moisés vislumbrar tal conhecimento? A ciência propõe uma explicação interessante, pelo menos nas palavras de Carl Sagan. Os mamíferos surgiram no final da era dos dinossauros. Inicialmente tinham hábitos noturnos, já que tinham temperatura constante, ao contrário dos terríveis répteis que necessitavam do calor diurno. Assim, os répteis (serpentes) caçavam os mamíferos de dia e eram caçados à noite pelos mamíferos. Por isso, o medo irracional de répteis (representado pela serpente) foi herdado.

Dos primeiros mamíferos vieram os antropóides, nossos antepassados ou primos. Entre eles o Australopitecus Africanus que gerou o Australopitecus Robustus e o Homo Habilis (antepassado nosso). O primeiro era pequeno, o segundo alto. O homo matou os dois. Daí vieram, provavelmente, os mitos dos gigantes e gnomos, presentes na Bíblia, na cultura grega, etc.

A inteligência é um desenvolvimento recente. Entre milhões de espécies, somente no ser humano é comum o nascimento provocar dor. Isso pode significar que o aumento do volume craniano é recente. Ou seja, a evolução do cérebro foi espetacularmente rápida. Tanto que as mulheres ainda estão (estavam antes da cesárea) se adaptando (morrendo e não deixando descendentes).

Para o primeiro hominídeo, a Terra deveria parecer-se com um paraíso. Coletavam seu alimento e viviam em paz com os demais animais. Nessa época, a comunicação era essencialmente por gestos, como nos demais animais, isto é, conseguiam falar com os bichos. Com o desenvolvimento da consciência (julgamento moral, bem e mal), localizada no córtex cerebral, o homo torna-se predador, caçador e pastor (Abel), depois agricultor (Caim). Então, este se fixa, mata o nômade (Abel) e cria a civilização (do latim que significa cidade) e a tecnologia.

A caçada é um empreendimento que exige cooperação e comunicação, se solitária, torna-se muito perigosa. Assim, o primeiro homo adquiriu inteligência suficiente para a linguagem simbólica e para dar nomes aos animais. Embora a linguagem simbólica gestual seja comum a muitos animais, no homo, a linguagem evoluiu para oral, inicialmente onomatopeica (ainda hoje mamãe é uma palavra semelhante em todas as línguas, lembra o som de um bebê mamando).

A evolução levou ao córtex cerebral, onde se realizam os processos cognitivos e a capacidade de antecipar acontecimentos. Somos a única espécie no planeta que tem a certeza da morte! E isso ocorre desde os primeiros antropoides.

O cérebro humano é o resultado evolutivo de milhões de anos. É extremamente complexo, especializado e, até mesmo, independente. Temos o hemisfério esquerdo, dedicado ao raciocínio lógico e à capacidade verbal; e o direito, dedicado aos sentimentos e capacidade intuitiva e visual. Estão fracamente ligados pelo Corpo Caloso. No mínimo, somos dois em um. Por isso fazemos coisas que não compreendemos (o hemisfério esquerdo perde o controle e não entende porque o direito agiu de tal forma). Apaixonamo-nos sem razão aparente, justamente porque o hemisfério direito é intuitivo e não lógico. O cérebro merece ser desvendado em outra oportunidade.

O que fica é a certeza de existir em nós uma memória biológica moldada pela evolução ou então ser a revelação de Móises realmente divina e real. De qualquer modo, mais que verossímil!

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