O destino do Universo, é cíclico ou terá um fim?

Desde que a Teoria do Big Bang foi aceita (ou seja, o Universo nasceu de uma grande e inimaginável explosão há uns 13 bilhões de anos e, desde então, o Universo continua em expansão) uma nova questão surgiu aos cientistas: o que acontecerá? Expandirá para sempre? Parará a expansão e implodirá?

E para responder a essa pergunta fundamental, uma equipe de cientistas do Laboratório Lawrence de Berkeley, chefiada pelo físico Dr. Saul Perlmutter, encontrou uma forma: observar supernovas. A supernova é uma estrela que, ao atingir uma grande massa, explode produzindo tanta luz quanto uma galáxia, por algumas semanas. E todas iluminam da mesma forma. Como as estrelas estão se movimentando, qualquer diferença deve ser atribuída ao efeito doppler.

O efeito doppler é a alteração (distorção) na frequência de uma onda cuja fonte esteja em movimento como, por exemplo, um carro que se aproxima tem o som mais agudo do que quando se afasta, embora para quem esteja dentro do carro continue o mesmo som, já repararam? Com a luz ocorre o mesmo, ou seja, uma estrela que se afasta de nós ficará mais vermelha enquanto que uma que se aproxime ficará mais azul. Fantástico, não?

Se analisarmos a distorção da luz, poderemos calcular a velocidade do objeto. Se calcularmos a distância, estaremos obtendo há quanto tempo aconteceu. Ou seja, teremos informações de diferentes épocas e, consequentemente, podemos observar a tendência da expansão. Para se ter uma ideia, as galáxias estão tão longe que a luz dela demora bilhões de anos até chegar na Terra hoje.

Assim, para saber o futuro do Universo, basta encontrar uma porção de supernovas e calcular a variação da velocidade de cada uma e ver se o Universo está freando (como todos acreditam) ou acelerando. O grande problema é encontrar cerca de cinquenta supernovas para fazer os cálculos. E como elas não avisam quando vão detonar... E por setenta anos ninguém conseguiu um método para encontrar as tais.

Até que, em 1987, o Dr. Saul iniciou sua caça, desenvolvendo uma nova técnica. Sua ideia era observar milhares de galáxias ao mesmo tempo buscando detectar o surgimento das supernovas. Utilizaram um telescópio com uma grande angular, porém não era sensível o suficiente. A solução veio da Inglaterra, usavam detectores de semicondutor, como os das atuais câmaras de vídeo.

O telescópio fornecia muita informação, tiveram que desenvolver programas para os computadores que procurariam as supernovas. E, depois de cinco anos de trabalho, eles estavam prontos. Porém não bastava detectar, era preciso usar um grande telescópio, que tem um custo altíssimo. Em 1992, deram ao Dr. Saul duas noites. E eles trabalharam

Depois de muito analisar as informações coletadas, finalmente ele encontrou uma supernova, comprovando a sua técnica. E diversos astrônomos do mundo todo entraram na corrida, aperfeiçoando a técnica.

Após 42 supernovas descobertas, iniciaram os cálculos para analisar a velocidade de expansão do Universo ao longo dos bilhões de anos. E o que eles descobriram foi surpreendente. As supernovas apresentavam um brilho 20% menor que o esperado. O que significa que o Universo não está desacelerando, está acelerando e vai expandir para sempre. É a reabilitação da constante cosmológica de Einstein.

Ao que parece, o Universo não é cíclico (explode e contrai), mas sim único. As galáxias estão se afastando umas das outras. Com o tempo, as estrelas apagar-se-ão até que nada mais reste senão a escuridão.

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