Galileu Galilei

Precisamos falar um pouco dos que fizeram a diferença na Ciência. E nada melhor que um dos mais lembrado, Galileu Galilei. Muito se tem falado sobre Galileu, até tornou-se um símbolo contra a censura, mas muita crença não está baseada em fatos, mas em suposições. E olha que Galileu manteve uma enorme troca de cartas com todo tipo de gente no mundo.

Nascido em Pisa, Itália, em 15 de fevereiro de 1564, desde criança era um observador dos fatos da natureza, movimento da água nos rios, de pedras atiradas ao céu etc. Apesar do pequeno lucro de sua loja de tecidos em Florença, seu pai, Vincenzo, sonhando com a recuperação do prestígio de sua família, enviou-o para a Universidade de Pisa estudar Medicina. Detestava!

O acaso colocou em suas mãos um livro de Euclides em uma tarde de domingo. Trancou-se em seus quarto e só saiu quando terminou o livro, ao anoitecer da quinta-feira. Resolveu tornar-se matemático. Sem o conhecimento do pai.

Um dia o pai apareceu. Contaram-lhe sobre os estranhos comportamentos de seu filho. Desenha números, declama Aristóteles, atira bolas de chumbo para medir a velocidade etc. Com certeza, estava louco ou endemoniado. Diziam, está chamando a atenção da Inquisição. O pai não deu mais dinheiro, o governo de Florença negou uma bolsa de estudos. Estava com 18 anos. Antes de retornar para casa, realizou uma experiência que provava que pesos diferentes são igualmente acelerados, derrubou a primeira verdade de Aristóteles.

Sendo um mal vendedor, tornou-se um fardo para a família, constantemente lembrado pela mãe e pela irmã mais velha, que não tinha o dote para casar. Desesperado e bêbado foi para a margem do rio, quando observou diversos objetos na água. Correu para a casa do seu mestre Ostílio Ricci. Descobrira a balança hidrostática para medir a proporção de dois metais em uma liga.

Após semanas de martírio, recebeu um recado para apresentar-se no palácio. Nas ruas, o povo já sabia do feito do jovem. Florença sempre reconheceu os seus talentos. Mas não ganhou dinheiro algum. Para esquecer os problemas, ocupou-se com o centro de gravidade dos sólidos.

E lá foi Galileu procurar seu mestre Ricci, havia descoberto a fórmula para determinar o centro de gravidade da pirâmide truncada. Como nenhum gênio havia conseguido tal feito, seu velho mestre começou a pensar que o discípulo fosse inspirado pelo demônio. Afinal, Galileu não tinha muitos estudos, sem dinheiro, sem conforto, sem amigos, era repudiado pela família.

As mudanças políticas que ocorreram impediram Ricci de ajudar a Galileu. Porém, surgiu uma cátedra na Universidade de Pisa para matemática e estratégia, receberia seis coroas por mês, pouco para os padrões da época.

Depois de um ano, com vinte e cinco anos, conquistou a crença de um professor e quatro devotos alunos. Intimado pelo reitor a respeitar Aristóteles, lançou um desafio, no dia seguinte, seus alunos arremessaram bolas de pesos diferentes da Torre de Pisa enquanto Galileu cronometrava com uma ampulheta. Atraiu a atenção de muita gente. Ninguém entendeu sua experiência, apenas que estava negando Aristóteles, odiaram-no. Alguns dias depois seu pai morreu.

Herdara uma mãe e irmãs geniosas, um irmão ocioso. Como filho mais velho, assumira o compromisso de pagar o dote de casamento das irmãs. Tinha muitas dívidas a saldar e um salário pequeno.

Vencido o contrato em Pisa e sem condições políticas para continuar na Universidade, deixou Florença rumo a Veneza, de onde se ouviam boas notícias. Foi bem recebido e encaminhado à Universidade de Pádua, conhecida por Bó. Receberia metade a mais do que recebia em Pisa, um adiantamento de duzentas moedas e um contrato de seis anos. Chorou de alegria! Porém, soube que deixaria de ser florentino, o que o entristeceu muito, pois tanto oferecera seus serviços e foi recusado.

Tendo que sustentar duas casas, Galileu inicia um curso particular sobre fortificações. Inventa o compasso para auxiliar suas aulas e que se torna um sucesso de vendas, dando-lhe outra fonte de renda. Mas ainda insuficientes para tantas dívidas e gastos.

Nessa época, chegou a Veneza o livro do padre polonês Nicolau Copérnico “De Revolucionibus Orbium Coelestium” (Das Revoluções da Orbe Celeste). Copérnico teve suas teses aprovada pelo Papa Clemente VII  para que fosse ensinada em Roma. A perseguição ainda não havia começado. Galileu passou toda a noite lendo o livro, ficou convencido e decidido a prová-lo.

Nessa época, conheceu Marina, filha de um nobre arruinado. Apaixonou-se. Passaram semanas de muita felicidade. O pai dela adoeceu e morreu e ela engravidou. Galileu alugou uma casa para ela próxima da sua. Nasceu sua primeira filha. Tiveram ainda outra filha e um filho.

Recebeu uma carta de Kepler que havia deixado Gras perseguido por religiosos, em 1600, refugiou-se com o astrônomo Tycho Brahe na Áustria. Ao mesmo tempo chegava a notícia de que Giordano Bruno, filósofo da Renascença e padre dominicano, fora queimado vivo em Roma.

Em 1604, dois ex-discípulos descobrem no céu uma nova estrela. Era a prova que Galileu precisava para mostrar um erro de Aristóteles. Iniciou conferências que foram frequentadas por todo tipo de autoridade. Atacou os aristotélicos, que passaram a atacar sua honra.

Ficou doente, reviu suas convicções e as de Kepler, este havia desenvolvido uma teoria de que as órbitas eram elípticas e não circulares. Também Kepler, em seu novo livro, havia menosprezado Galileu.

Galileu teve seu contrato renovado para quinhentas e vinte moedas anuais, duzentas a mais que estava recebendo, era o maior salário já oferecido a um professor. Ter problemas com sua saúde tornaram-se frequentes.

Visitando uma fábrica de vidros em Veneza, lembrou-se uma carta de um ex-aluno francês descrevendo um telescópio fabricado pelo holandês Lippershey, encomendou diversas lentes para fazer experiências. Era julho de 1610, construíra o telescópio, apontou para a cúpula da distante igreja e chamou a todos para ver, as salas de aula esvaziaram. Aconselhado por Marina a procurar proteção, escreveu ao doge oferecendo o seu invento como peça de guerra.

No dia 21 de agosto de 1610, no alto do Campanário, Galileu demonstrou a todos, soberano e senadores. Depois de quatro dias, aprovaram um salário para Galileu de mil moedas anuais. Visitou a mãe e as irmãs, saldou todas as dívidas. Trouxe a mãe para Pádua. Mas não deu certo, teve que mandá-la de volta. Acompanhou-a sua filha preferida, o que o desgostou muito. Não conseguindo dormir, apontou o telescópio para as estrelas... E depois para a Lua... E viu um novo céu!

Passou noites observando. Se Aristóteles havia visto 1027 estrelas, Galileu estava vendo dez mil. Viu os planetas e descobriu suas luas. Narrou tudo no “Sidereus Nuncios” (Arauto das Estrelas). Mudou o mundo.

Realizou seu sonho, foi convidado para ser o matemático da corte em Florença, sua terra natal. Descobriu que Vênus orbitava o Sol. O sistema de Copérnico encontrava sua prova. Com isso, Galileu atrairia a atenção do Santo Ofício. Em Florença não tinha o mesmo respaldo que em Veneza. Foi aconselhado a ir a Roma explicar-se. Mostrou à Comissão dirigido pelo Cardeal Bellarmin o céu pelo seu telescópio e recebeu o parecer favorável ao livro.

Houve uma grande oposição, mas de ninguém importante. Porém, ao reivindicar a descoberta das manchas solares, expôs a sua crença em Copérnico, em um momento político ruim. Suas filhas quiseram ser freiras. A solidão o aguardava.

Finalmente, foi denunciado à Inquisição. Antecipando-se, foi à Roma, que depois de muito tempo o dispensaram, sem levá-lo ao tribunal. Solicitou à Inquisição um atestado de não estar em desacordo com a fé. E conseguiu! Voltou triunfante.

Morreram sua mãe e, logo depois, sua irmã. Conquistou a amizade do Papa Urbano VIII de quem já tinha a simpatia desde quando ainda era o Cardeal Barberini. Montou e aperfeiçoou para o Papa o microscópio de outro holandês, Drebbel. Em 1632, escreveu o seu “Diálogo”, que lhe custou uma segunda investida da Inquisição. Com 70 anos, velho e temendo ser torturado e queimado vivo, assinou a retratação e foi condenado a prisão domiciliar.

Convencido pelo Bispo Piccolomini, escreveu “Sobre a Nova Ciência”. Soube que o seu “Diálogo” conquistava os países não católicos. Perdeu sua filha querida. Ficou cego. E no dia 8 de janeiro de 1642, com 78 anos, após receber uma bênção especial do Papa, confessou-se e morreu em seguida.

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