O brasileiro que inventou o rádio

 (Publicado em 30/04/2002)

Sempre nos foi ensinado que o inventor do aparelho transmissor de rádio foi o italiano Guglielmo Marconi. Mas, o que pouca gente sabe é que o homem que conseguiu a primeira transmissão da voz humana, sem fio, ou seja pela irradiação de uma onda eletromagnética modulada com  um sinal de áudio, foi o Padre Roberto Landell de Moura, em 03 de Junho de 1900, sendo que a distância entre o aparelho emissor e o detector foi de aproximadamente 8 quilômetros.

Os pontos em que ocorreu a transmissão e a detecção do sinal, estavam localizados entre o bairro de Santana e os altos da Av. Paulista, na cidade de São Paulo, Brasil. Nesta época o que se tinha em termos de comunicação por meios elétricos era o telégrafo por fios, invenção de Samuel Morse (1837), o telefone com fio, de Graham Bell  (1876) e a radiotelegrafia de Guglielmo Marconi (1895).

O grande desafio era justamente transmitir um sinal de áudio sem utilizar fios, feito conseguido pelo padre e cientista brasileiro. Pesquisava-se, mas ninguém ainda conseguira obter êxito. O mérito do padre Landell é ainda maior porque desenvolveu tudo sozinho.

O Padre Landell era um gênio teórico e também um prático para construção de seus aparelhos. Ele era o cientista, o engenheiro e o operário ao mesmo tempo. Um ano depois de sua experiência inédita no mundo, aqui mesmo em São Paulo, padre Landell obteve uma patente brasileira para um "aparelho destinado à transmissão phonética à distância, com fio ou sem fio, através do espaço, da terra e do elemento aquoso". Era o dia 09 de março de 1901.

Consciente de que suas invenções tinham real valor, padre Landell partiu com destino aos Estados Unidos da América, quatro meses depois, com o intuito de patentear os seus aparelhos. Com parcos recursos Padre Landell teve que contar com a ajuda de amigos para levar adiante seu projeto. Apesar de todas as dificuldades que encontrou, Padre Landell conseguiu três cartas patentes: "Transmissor de Ondas", precursor do rádio - em 11 de outubro de 1904; "Telefone sem fio" e "Telégrafo sem fio" em 22 de novembro de 1904. Ainda naquele ano, ele esboçou outro engenho ligado à vida moderna. Em 20 de agosto de 1904, um dos documentos que ele batizou de "The telephotorama ou Visão à distância". Tratava-se da Televisão, que só em 1926, teria sua primeira demonstração pública.

Com o respaldo das patentes norte-americanas, Padre Landell, de volta ao Brasil, escreveu ao Presidente da República, Rodrigues Alves, a quem solicitou dois navios para demonstrar suas invenções. Um assessor do governo o procurou e Padre Landell informou que desejava entre os navios a maior distância possível, e isto naquele momento, porque no futuro, quando aperfeiçoasse os seus aparelhos, serviriam até para comunicações interplanetárias.

Mais uma vez o Padre Landell foi julgado louco. E o Brasil perdeu mais um gênio, mostrando que nossa classe política é estúpida há muito tempo...

Alguns documentos que foram deixados por ele, foram analisados por técnicos da Telebras, que chegaram à conclusão de que alguns de seus esquemáticos configuram uma tentativa de construir um registrador telegráfico. Isto indica, que na pior das hipóteses, Padre Landell pelo menos idealizou o controle remoto pelo rádio ou teletipo, invenções que na história oficial ficaram conhecidas, respectivamente, durante a primeira guerra mundial e em 1928.

Fica o consolo de termos em Catanduva familiares daquele padre que além de servir a Deus tentou servir o Brasil.

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