O padre e a reprodução

 Enquanto muitas religiões representam um grande obstáculo para o desenvolvimento da ciência e conseqüentemente do bem-estar do ser humano, os católicos podem se orgulhar de ter entre seus próprios sacerdotes grandes cientistas. Alguns são bem conhecidos como Copérnico, Mendel, Lemaitre e Spallanzani.

Lazzaro Spallanzani nasceu em Scadiano, Modena, Itália, no dia 10 janeiro de 1729. Era filho de um famoso advogado, assim também estudou direito, cultura clássica e filosofia no Colégio Jesuíta de Reggio. Interessou-se pela área científica na Universidade de Bolonha, inspirado pelas aulas de matemática que recebeu de sua prima, Laura Bassi, uma famosa professora de Filosofia Natural e Matemática.

Desistiu da advocacia e foi ordenado padre. Tornou-se professor de Lógica, Metafísica e Grego da Universidade de Régio aos 25 anos. Suas pesquisas das funções corporais e reprodução animal renderam-lhe convites para as Universidades de Coimbra, Parma e Cesena, mas preferiu a cadeira de física na Universidade de Modena (1760), onde, ao tentar provar a teoria da biogênese, descobriu que a selagem hermética preservava os alimentos (1765), e também publicou trabalhos sobre regeneração e transplantes (1768).

Spallanzani foi contratado como catedrático em História Natural da Universidade de Pávia (1769), convidado pessoalmente pela imperatriz Maria Tereza, onde permaneceu até sua morte em 12 de fevereiro de1799.

Desenvolveu valiosas pesquisas no campo da fisiologia, particularmente sobre a digestão. Estudou também circulação animal e publicou observações e experiências referentes aos animálculos das infusões, relatando suas experiências e conclusões sobre a geração espontânea dos micróbios, provando a inexistência da geração espontânea.

Em um de seus livros mais famosos, atacou as teorias de Buffon e John Turberville Needham sobre a geração espontânea, tornando-se precursor de Pasteur. Colaborou ainda com a explicação de Lavoisier que a respiração era um processo de combustão estendendo aos tecidos e, depois, às células que o constituem.

Publicou várias obras que ainda hoje são consideradas importantes, pela aplicação do método experimental. Spallanzani ainda realizou expedições científicas ao Vesúvio e outros vulcões da Sicília e ilhas Lipari. Demonstrou experimentalmente que alguns animais, como lagartixa e lesma regeneram importantes partes de seus corpos, a lesma regerenera até mesmo a cabeça..

Porém, foi a descoberta da reprodução sexuada que lhe rendeu grande fama. Conseguiu efetuar em anfíbios as primeiras fecundações artificiais e fez a primeira inseminação artificial da história, numa cadela (1777). E, finalmente, demonstrou que os espermatozóides são os responsáveis pela fecundação (1779).

Spallanzani era cortês e gentiu, tratando seus oponentes sem ofende-los. Tinha ainda uma grande devoção de sua família, inclusive sua irmã Marianne que enquanto ajudava-o tornou-se uma naturalista famosa. Segundo Senebier, Spallanzani empenhou-se com piedade e fé para edificar todos aqueles que circundavam.