A Escola ideal e a violência
Publicado em agosto de 2002
Nada horroriza mais o norte-americano que o baixo nível das suas escolas. Por décadas buscam identificar os problemas da Educação e, além de criticar, propõem soluções. Também ficam preocupados com a violência que ocorre dentro das escolas, principalmente porque as vítimas são sempre crianças indefesas. E os resultados de duas pesquisas chegam a surpreender.
Um estudo recente da Universidade de Rochester mostrou que o tamanho da escola influi no aprendizado, especialmente para a matemática. Talvez você esteja imaginando que as grandes escolas possam oferecer mais recursos aos estudantes, certo? Errado! Mas não se engane com as pequenas.
Os pesquisadores constataram que os estudantes aprendem menos em escolas pequenas e consideravelmente menos nas grandes escolas, principalmente nas que têm mais de 2.100 estudantes. E concluíram que o tamanho ideal para a escola é de 600 a 900 alunos. Ou seja, não adianta brigar com as autoridades para que se coloque uma escola perto de sua casa, escolas muito pequenas são tão ruins quanto as grandes.
A pesquisa foi realizada entre aproximadamente 10.000 estudantes de 789 escolas de ensino médio públicas, Católicas e particulares de elite dos Estados Unidos da América, durante quatro anos, medindo-se o aprendizado adquirido.
E o aprendizado atinge mais uns estudantes que outros. Isto é, o tamanho é especialmente mais importante nas escolas que atendem os estudantes menos favorecidos, ou seja, os mais pobres, o que era de se esperar, certo? Em escolas que tenham, na maioria, estudantes de baixa renda ou pertencentes a minorias, o aprendizado cai assim como o tamanho afasta-se do ideal. Ou seja, os menos favorecidos têm um ensino de pior qualidade. Os mais ricos têm melhor escola. Circulo virtuoso contra circulo vicioso?
Já uma outra pesquisa mostra a importância dos bons professores e funcionários da escola. Enquanto muitas escolas de ensino médio dos Estados Unidos equipam-se para combater a violência estudantil com detectores de metais, câmeras de vídeo para vigilância e guardas de segurança, pesquisadores da Universidade de Michigan confirmam que a presença de um único professor nas áreas onde ocorrem a maioria dos casos de violência é um forte inibidor.
Esta pesquisa realizada com estudantes, professores e administradores em cinco escolas mostrou que toda violência ocorreu em locais onde poucos ou nenhum adulto, especialmente professores, estavam presentes. Cerca de 40% dos incidentes acontecem nos corredores nos períodos entre aulas, enquanto outros 20% acontecem nas lanchonetes. Outros locais perigosos incluem as quadras, os vestiários e estacionamentos, logo na entrada ou saída das aulas.
Os pesquisadores observaram que embora a violência escolar ocorra em locais da escola ou próximos e que os funcionários ficam profundamente aborrecidos com os eventos violentos, a maioria não acredita ser sua responsabilidade profissional intervir contra a violência nesses locais.
Os próprios professores apresentam um bom senso de propriedade e responsabilidade dentro de suas classes, onde quase não ocorre eventos violentos, mas são relutantes em estender esse senso para as áreas indefinidas. Não foi definido que deveriam agir. E não agem! É preciso que os diretores convençam seus professores a "passear" e intervir para reduzir a violência. Antes que uma obrigação profissional, é uma obrigação moral!
De fato, quando pensamos na Educação, estamos preocupados com o currículo e os professores. Como vimos, tamanho é documento e a violência uma presença cada vez mais constante. Educar para a paz é educar para a vida. E para isso é preciso um cidadão de primeira categoria: você!
Se você pensa que isso não lhe interessa, seja porque seus filhos estudam em uma escola particular ou até nem tenha filhos, pense bem, quem os assassinos oriundos das más escolas irão atacar? Você, os seus, os meus... Seja um cidadão inteligente, se não for por amor ao próximo que seja por temor de um mau próximo.
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