As crianças e a TV

 Publicado em maio de 2.000


Embora a televisão seja uma boa babá para os filhos darem um pouco de paz aos pais cansados, não é uma babá boa, dependendo da programação que os pais fornecem aos filhos. Na verdade, pode ser uma armadilha fatal. Se a vida de sua criança é mais importante que o seu cansaço, preste atenção no que segue.

Os norte-americanos estão preocupados com o que suas crianças andam assistindo na televisão e por quanto tempo. O problema é que os programas infantis mostram freqüentemente comportamentos inseguros e inconseqüentes, como andar de carro sem usar cinto de segurança.  Enquanto que na escola as crianças são orientadas, a TV anula o que aprenderam.

Uma pesquisa realizada pelo Hospital Infantil da Filadélfia, Estados Unidos da América, constatou que a maior causa de ferimentos e mortes de crianças é devido a condutas perigosas. Um provável indutor é a televisão, de 216 programas infantis na televisão, quase metade deles apresentou pelo menos um mau exemplo para as crianças, que as crianças podem imitar sem capacidade para medir as conseqüências do ato.

Entre os desenhos animados, 60% mostram comportamentos inseguros enquanto que nos programas de televisão pública esses maus exemplos atingem 23%. Para os pediatras responsáveis pela pesquisa a televisão deveria veicular mensagens contra o fumo e como alimentar-se bem, não correr nas ruas, usar o cinto de segurança, usar o capacete de ciclista, etc.

E não para aí. O Centro de Política Pública Annemberg verificou que uma criança, nos Estados Unidos, assiste em média 25 horas semanais de televisão, incluindo videocassete, uma quantidade considerada alta pela Academia Americana dos Pediatras. A Academia já havia recomendado que as crianças não assistissem mais de duas horas semanais de programas de boa qualidade (os ruins, nem pensar). E para os bebês com menos de dois anos, nem sonhar em colocá-las diante do televisor. Ter televisão no quarto? Nem pensar! Exatamente o que vocês, pais responsáveis estão fazendo, certo? E como a obediência é mais eficiente pelo exemplo, nem os próprios pais devem assistir mais do que duas horas por dia.

Os pesquisadores observaram que a maioria dos programas infantis, incluindo os desenhos animados, não são educativos. E verificaram que quanto mais tempo a criança passa assistindo esses programas, pior é o desempenho dela na escola, seja na matemática, leitura ou ciência. Isso é lógico, uma vez que quanto mais tempo diante da televisão, menos tempo nos trabalhos escolares, com os adultos ou outras crianças.

Outro problema, que ninguém pensa, é que a TV fornece às crianças todas as respostas, promovendo o aprendizado passivo e, também, a desatenção. O resultado será uma criança com dificuldades de concentração. O filho é seu e o resultado sua responsabilidade.

E, se não bastasse, de todos os programas infantis, 28% mostram pelo menos quatro incidentes violentos, considerado alto pelos especialistas. E quanto mais se assiste esses programas, mais se mostra comportamento anti-social ou violento. O que seus filhos andam assistindo?

A obesidade de seus filhos pode estar relacionado ao tempo que eles ficam diante da televisão, é o alerta dirigido aos pais pela Associação Médica Americana. É um problema sem solução: ao invés das crianças estarem correndo e brincando, ficam assistindo, paradas, propaganda de sanduíches, batatinhas, doces... Há solução! Três estudos mostram que afastando a criança da TV ocorre perda de peso.

E, para encerrar, as crianças que assistem televisão à noite apresentam problemas de sono e pesadelos. Assim, ao dormir pouco e mal, a criança mostra durante o dia pouca atenção o que contribui para um desempenho escolar fraco.

Além de escolher o horário e o que seus filhos assistirão, é importante que você assista com eles, uma vez que eles não diferenciam realidade da fantasia e necessitam de constantes explicações. E nunca almoce ou jante diante da TV.

Mais importante que tudo, encoraje seus filhos a terem outras atividades, participando junto, seja fazer arte, ler um livro, passear, ir ao parque, ao bosque. Ao invés de assistir a vida, vivê-la plenamente!

 

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