Emoções para bem viver

 Publicado em julho de 2.000


Vivemos em uma época em que não podemos evitar experimentar emoções negativas. São até úteis, porém, quando prolongada ou em contexto impróprio podem disparar graves problemas para o indivíduo e para a sociedade. O medo e a ansiedade alimentam fobias e junto com o estresse crônico podem comprometer o sistema imune. A tristeza e o pesar severos também conduzem à perda de produtividade e ao suicídio. A raiva está associada às doenças cardíacas (mostrada por J.C. Barefoot, W.G. Dahlstrom, e R.B. Williams Jr.), alguns tipos de câncer (H.J.Eysenck), a agressão e violência, particularmente em rapazes e homens (D.M. Buss).

Os cientistas têm se preocupado com as emoções negativas e como prever e tratar as doenças e sofrimentos gerados por elas. Porém, agora, a pesquisadora Barbara Fredrickson (blf@umich.edu) da Universidade de Michigan mostra uma nova visão: utilizar as emoções positivas, como a alegria, o interesse e a satisfação, para prevenir ou resolver os problemas das emoções negativas (http://journals.apa.org/prevention/volume3/pre0030001a.html).

Ainda há uma variedade de definições para emoção, o consenso é que a emoção é uma resposta intensa e breve a algum evento que provoca uma mudança psicológica e da expressão facial. Diferem do humor, pois o humor independe de um objeto. A emoção é associada a uma específica tendência à ação. Por exemplo, o medo é motivador da fuga, a raiva ao ataque, a náusea ao vômito. Assim, as emoções estão relacionadas às necessidades evolutivas de sobreviver.

E estreitar o pensamento ajuda a agir rapidamente. Ao que parece, enquanto que as emoções negativas conduzem necessariamente a uma ação física, as positivas conduzem a ações de pensamento.

A alegria aparece em contextos avaliados como seguros e familiares ou pela realização de algum objetivo, motiva a brincar, a ser divertido física, social (amizade), intelectual e artisticamente. Não podemos esquecer da imaginação, que envolve exploração e invenção. E relacionado a alegria ainda temos o riso e o entretenimento.

O interesse e seus estados emocionais relacionados (curiosidade, o maravilhar-se) aparecem em contextos seguros, que ofereçam novidades, curiosidades, oportunidades, desafios, ou mistério. O interesse constrói na pessoa um acervo de conhecimento e de habilidades cognitivas.

A satisfação e outras emoções relacionadas (serenidade, tranqüilidade e alívio) aparecem em situações de segurança e que tenham um alto grau de certeza e baixo grau de esforço. É diferente dos prazeres que encontram as necessidades corpóreas, como de uma boa refeição. Envolve completa consciência, receptividade, integração e percepção.

A Dra. Barbara Fredrickson observou que essas emoções positivas têm a habilidade única de reduzir a pulsação do coração resultado da ansiedade e do medo. Pessoas que sorriem durante um filme triste experimentam uma recuperação cardiovascular mais rápida que aquelas que não sorriem. Sorrir afeta o coração (da amada também).

As emoções negativas estreitam o pensamento, as positivas ampliam-no, criando uma espiral crescente que dá ao indivíduo resistência, flexibilidade e bem-estar. Além de ser mais duradouro, também elevam o nível de dopamina.

O estudo de casais infelizes revela que sua interação é previsível e rígida. Em suma, têm um relacionamento chato. Os casais felizes, ao contrário, interagem de maneira imprevisível e acumulam um excedente de sentimentos positivos em relação ao cônjuge. Isso reprime a agressividade quando entram em conflito.

Para se obter as emoções positivas diversas técnicas foram testadas e aprovadas. O relaxamento, aqui incluímos a meditação e Yoga, é eficiente até mesmo para combater dor de cabeça e hipertensão. A técnica da imagem consiste em imaginar uma paisagem tranqüila e, atualmente, um triunfo da infância ou uma boa experiência recente. Outra técnica eficiente consiste em achar um ponto positivo no que acontece, tal qual faz a religião que sempre encontra um ponto de vista consolador.

Essa tese não agradou? Pois ela foi escolhida a melhor pela Associação Psicológica dos Estados Unidos e a Dra. Fredrickson ganhou US$ 100.000,00 de prêmio.

Nada como um bom número para mostrar que se deve ter maturidade para mudar a atitude diante dos problemas e que para viver bem é preciso ter amizades e no casamento é preciso amor, sexo e um pouco de bom senso, qualidades que qualquer ser racional possui. E também paixão, para colorir a vida, certo?

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