Pais que participam

Publicado em agosto de 2000


Já lavei a mamadeira e fiz o leite, enquanto o nenê mama, vamos ao novo artigo. Com a proximidade do Dia dos Pais nada melhor que avaliar a paternidade nos dias de hoje. Aliás, nada é mais estranho do que a paternidade. Diferente da mulher, a reação do homem vai desde a apatia a um amor profundo.

No passado, a participação paterna era um desastre, como se pode verificar por pesquisas científicas recentes que nos mostram que a presença paterna é importante na vida das crianças, determinando sua felicidade e aprendizado, como será mostrado mais adiante.

O relacionamento do pai com os filhos não foi sempre como conhecemos. Durante o período colonial, os pais eram diretamente responsáveis pela educação, se a criança tornava-se má, a culpa era do pai. Isso fazia o pai estar acompanhando de perto o crescimento dos filhos.

O processo de industrialização mudou o papel do pai, que se tornou o responsável pelo sustento da família e a mulher cuidava da casa, responsabilizando-se sozinha (coitada) pela educação dos filhos. Bem, a industrialização nos garante uma vida confortável, mas esse efeito colateral foi um malefício que ninguém conhecia (eu nunca ouvi ninguém dizer antes).

Porém, nas últimas décadas a mulher saiu de casa, conquistou o direito a uma vida profissional e política, estimulado principalmente pelo movimento feminista. E, hoje, a tendência é de uma participação democrática entre pai e mãe. Eu sempre afirmo que o que é importante está mudando para a melhor, está aí a prova! Se soubermos enfrentar com inteligência a globalização poderemos criar o paraíso terrestre.

Muito apropriado para o Dia dos Pais foi a divulgação de uma pesquisa realizada pela Universidade de Maryland e que mostrou que a presença paterna é determinante na vida das crianças. As crianças que convivem com os pais aprendem melhor, tem maior auto-estima, tem menos propensão a ter depressão. Viva a paternidade responsável!

A pesquisa foi feita com 855 crianças em cinco estados norte-americanos. E aquelas que têm a presença paterna apresentaram melhores notas nos provas escolares. O estudo não considerou se ter um mau pai é melhor do que não ter pai. Também não significa que as crianças criadas pelas mães não serão bem sucedidas na vida.

Outra pesquisa, conduzida pelo Instituto da Saúde da Criança e do Desenvolvimento Humano por mais de dez cidades norte-americanas, constatou a importância do pai no desenvolvimento da auto-estima do filho. Os pesquisadores entrevistaram centenas de famílias em dez cidades dos Estados Unidos da América. A participação dos pais foi verificada através de atividades como alimentar, dar banho, trocar fraldas (Arrrrgh!). Alguns pais foram filmados brincando com seus filhos para uma análise posterior.

Uma constatação é que os pais estão mais envolvidos nos cuidados dos filhos quando trabalham menos horas que os outros pais e quando as mães trabalham mais horas fora de casa. Ao que parece, as mães que trabalham “obrigam” os pais a assumir mais responsabilidades.

E mais, os pais mais envolvidos eram mais jovens, tinham auto-extima maior e menores níveis de depressão e hostilidade. É isso aí, vem cá filhinha, você é mais eficiente que Prozac! Por outro lado, os pais mais velhos mostraram ser mais sensíveis aos filhos. Viu? Tudo tem um lado bom, até envelhecer!

Os pesquisadores concluíram que novas políticas de trabalho devem dar aos pais mais flexibilidade para melhorar o envolvimento com seus filhos bem como desenvolver programas para ensinar os pais sobre as necessidades e como melhorar sua sensibilidade.

E você ai que é um pai folgado, não conversa com seus filhos, não sabe como foi o dia na escola, se foram assediados por traficantes...

Você que entra em casa calado e permane em silêncio, que liga a televisão no noticiário sanguinário, depois, a novela de gosto duvidoso (relacionamentos irreais, sexo fútil e inútil, deseducação total) e então um filme de péssima qualidade...

Está na hora de melhorar. Se pensar bem, é uma boa hora para reflexão e mudar para começar a viver de verdade, a sentir a paz e a alegria que é: ser pai. Feliz Dia dos Pais!

 

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