O Córtex Cerebral

    Observações de lesões na parte frontal do cérebro entre os animais vertebrados mostram que essas lesões são a causa da perda da iniciativa e da precaução. Nos animais superiores estas funções, muito mais elaboradas, são desempenhadas pelo Córtex. É no Córtex também onde se localiza a maioria das características humanas e cognitivas.
    O Córtex é frequentemente dividido em quatro lóbulos: frontal, parietal, temporal e occipital. Acreditava-se que no Córtex havia conexões principalmente entre os lóbulos, hoje, sabemos que o Córtex está conectado também ao cérebro subcortical através de muitas conexões neuronais. Cada lóbulo tem muitas e diferentes funções, algumas devem ser divididas entre vários lóbulos.
    Os lóbulos frontais parecem estar relacionados com a deliberação, a regulação das ações, a iniciativa, a consciência. Os lóbulos temporais com uma variedade de percepções, dos sentidos. Os lóbulos parietais com a percepção espacial e a troca de informações com o resto do corpo. Os lóbulos occipitais com a visão, o nosso principal sentido e de outros primatas também.
    Por muito tempo, acreditou-se que os lóbulos frontais, atrás da testa, eram o local da antecipação e do planejamento do futuro, do curso dos eventos. Mas, os estudos mais recentes têm demonstrado que o cérebro não é tão simples assim. Ao que tudo indica, até a antecipação de movimentos do corpo são processados no lóbulo frontal. De qualquer modo, lesões cerebrais ocasionados por acidentes ou tiros de armas de fogo mostram-nos alterações no comportamento.
    Se os lóbulos frontais estão envolvidos na antecipação do futuro, então, também, é o local das inquietações, das preocupações, do sofrimento antecipado. Isso explica porque a transeção dos lóbulos frontais reduz a ansiedade. A capacidade de prever o futuro vem acompanhada pelas atribulações do conhecimento prévio das desgraças por vir. Porém, é essa capacidade de prever catástrofes que nos faz seguir caminhos que as evitem e fazer sacrifícios visando benefícios em longo prazo.
    Se estamos em pé e somos classificados como bípedes é graças aos lóbulos frontais. Com a liberação das mãos, o ser humano estava livre para desenvolver a cultura e a civilização como a conhecemos.
    Os olhos estão conectados aos lóbulos occipitais, atrás da cabeça. Lesões nessa área do cérebro produzem as mais variadas e estranhas deficiências visuais, como ter somente a visão periférica, não enxergar objetos geometricamente regulares, perceber objetos no chão como se estivessem flutuando etc.
    A audição localiza-se nos lóbulos temporais, atrás das têmporas. É aí também que se faz a ligação entre os estímulos visuais e auditivos. Lesões nesses lóbulos podem resultar em afasia, incapacidade de reconhecer palavras faladas. Alguns danos provocam estranhos resultados: pacientes que são capazes de falar, mas não escrever, ou vice-versa; hábeis para escrever mas não para ler; outros capazes de ler números mas não letras, uns conseguem dizer os nomes dos objetos mas não as cores.
    Nos lóbulos parietais, localizados no alto da cabeça, reside a capacidade de fazer e ler mapas, orientarmos no espaço (em três dimensões), reconhecer palavras escritas (lesões aqui resultam em alexia) e está envolvido na linguagem simbólica humana que é responsável pela abstração (escrita, leitura e matemática) conjuntamente com os demais lóbulos.
    O Córtex é a parte mais complexa e ainda não decifrada. Ao que mostram os estudos, para desempenhar alguma atividade algumas áreas do cérebro são ativadas e, apesar da especialidade, há uma grande cooperação para gerar o pensamento. A memória é um componente extremamente complexo do cérebro e que merece ser desvendada em outra oportunidade. Assim, enquanto você está lendo este artigo, o seu cérebro está trabalhando interdependentemente, analisando, sentindo e sonhando formando aquilo que chamamos mente (espírito). Para viver melhor é preciso seguir Sócrates: conhece-te a ti mesmo!

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