Brasil terá um grande deserto

    O jornalista Washington Novaes fez um excelente resumo da reunião em Marrocos da Convenção do Clima e que me lembrou dos estudos do INPE -que pouca gente conhece- sobre a desertificação do Sudeste e Centro-Oeste brasileiro. Quem observar os principais desertos, verá que existem por causa dos processos eólicos, ventos secos, e a exceção é o centro do Brasil, por quê? Por causa da Selva Amazônica. Desmatando a selva, teremos um imenso deserto.
    O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas mostra os impactos que o País sofrerá com essas mudanças e, apesar disso, ainda são poucos os esforços para combatê-los. Entre os problemas mostrados estão a redução da potabilidade da água, maior consumo de energia, maior risco de catástrofes nas cidades, como inundações e desabamentos, além de aumento de doenças relacionadas. Agravando o problema, será menor a geração de energia por hidrelétricas.
    Em 2015, a taxa de desmatamento na Amazônia fez crescer em 3,5% as emissões de gases-estufa, comparados com as de 2014, segundo o Observatório do Clima. O Brasil produziu 1,9 bilhão de toneladas equivalentes. A maior taxa de emissão fica com a agropecuária que é responsável por 69% das emissões de gases-estufa no país, que inclui os poluentes emitidos no processo digestivo dos rebanhos, o uso de fertilizantes e o desmatamento, 11% vem do setor de transportes e 9% da indústria (metalúrgica, principalmente). Gases gerados pelo uso da energia contribuem mais que o desmatamento.
    Entrou em vigor neste mês de novembro o Acordo de Paris, que teve a assinatura de 197 países com o objetivo de limitar a 2 graus o aumento da temperatura do planeta até 2100. O acordo chegou tarde, o ano de 2015 já foi o mais quente na história da Terra, com os níveis de concentração de gases de efeito estufa ultrapassando pela primeira vez o nível de 400 partes por milhão (ppm). A Organização das Nações Unidas (ONU) revela ainda que a concentração de CO2 permanecerá acima de 400 ppm por muitas gerações.
    Essa concentração era esperada para daqui alguns anos ainda, mas o fenômeno do El Nino provocou a aceleração na concentração. Isso porque as secas em regiões tropicais acabaram afetando a capacidade dessas regiões em absorver os gases. Essas regiões, de uma forma geral, são responsáveis por absorver metade do CO2 do planeta. Além disso, os incêndios causados justamente por causa do fenômeno El Niño ajudaram a intensificar as emissões.
    Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), houve um incremento de 37% do efeito de aquecimento do clima entre 1990 e 2015. Isso foi causado pela acumulação de gases CO2, metano (CH4) e o N2O gerados por atividades industriais, agricultura e residências.
    O CO2 é responsável por 65% do aumento do efeito estufa nos últimos dez anos. Do período pré-industrial até hoje, houve um aumento de 144%. O CO2 permanece na atmosfera por milhares de anos e pelos oceanos por muito mais. Se não limitarmos a emissão, a temperatura do planeta aumentará cada vez mais. E para 2016, veremos novos recordes de calor.

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