O neo-Galileu e os novos inquisidores

    Fico estupefato com a capacidade do ser humano cometer incríveis contradições obvias. É o que acontece com os “defensores” de Galileu, agem como se a igreja de hoje fosse aquela de 1.600, e, mais, há quem pense que o Galileu foi para a fogueira. E juram de pé junto. E nem imaginam que Galileu fora diversas vezes à Inquisição e saíra vencedor. Galileu tornou-se um símbolo contra a censura à “ciência”
    Chega a ser cômico, hoje, em geral, os que mais citam Galileu são justamente aqueles que mais condenam Darwin e a Teoria da Evolução. Tal como Darwin, Galileu não tinha problemas com os religiosos, mas com os cientistas da época. E começou cedo, quando Galileu estava com 18 anos, realizou uma experiência que provava que pesos diferentes são igualmente acelerados, do alto da Torre de Pizza, derrubou a primeira verdade de Aristóteles, mas não convenceu nenhum professor aristotélico.
    Darwin também sabia da resistência que enfrentaria, haja vista que viajou no Beagle de 1831 a 1836, como naturalista da missão, o que lhe proveu as evidências de sua teoria, mas só publicou seu livro, “Sobre A ORIGEM DAS ESPÉCIES por meio de seleção natural” (On THE ORIGIN OF SPECIES by Means of Natural Selection, or the Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life) em 1859, foram 1250 cópias, vendidas rapidamente. E só publicou para não perder a paternidade da teoria.
    Enquanto Darwin assumiu uma atitude humilde, o que muitos criacionistas atribuem a uma possível fragilidade da teoria, Galileu era arrogante e defendia mais com paixão que com razão seus pontos de vista, em geral, que ele adotara, como o sistema heliocêntrico de Copérnico. Quando Galileu construiu seu telescópio em 1809, foi aconselhado a apresentar o aparelho de forma a não ser visto como instrumento de bruxaria. E, quando olhou para o céu, fez inúmeras descobertas. Até então o céu era tido como imutável, existiam somente 1027 estrelas observadas por Aristóteles, mas o telescópio mudaria tudo isso. Galileu via dez mil, viu os planetas e descobriu suas luas. Narrou tudo isso no “Sidereus Nuncios” (Arauto das Estrelas). Descobriu que Vênus orbitava o Sol, era a prova que acreditava ser definitiva, não foi. Porém, mostrou ao Santo Ofício o céu pelo seu telescópio e recebeu o parecer favorável ao livro.
    Assim como o astrônomo Clavius associou as visões do telescópio às distorções das lentes, muitos “cientistas” fazem o mesmo com as inconsistências da Teoria da Evolução, esquecem que ainda é uma teoria por se construir, muitos mecanismos ainda são desconhecidos, porém, como no telescópio, estão longe de serem distorções da lente. É a teoria que mais tem defensores, com cientistas de verdade, da área, mas de outras nada afins. Mas isso não incomoda os criacionistas que convencem multidões enquanto que, simultaneamente, condenam os inquisidores que rechaçaram ignorantemente as corretas teorias do sábio Galileu.

Comentários

  1. Um capítulo a ser desvendado...SE por um lado, o criacionismo desafia a lógica, o racional, e propõe aceitação de possibilidades impossíveis, numa realidade fantástica.
    DO outro, o hiato entre os primatas x hominídios, e em meio a esse abismo, o homo sapiens emergindo já diferenciado, bípede, erecto com cérebro maior e habilidades adaptativas. Não mais só um catador/caçador nômade, ao sabor das sazonalidades. Mas, já capaz de avaliar, planejar e modificar o meio ambiente a suas necessidades, assimilando e somando vantagens experimentais. Duas vertentes antagônicas, mas com a mesma necessidade, superar o paradigma das convicções contemporâneas e acessar novos níveis de conexão com o mundo natural....Antes que um cataclismo qualquer, natural ou provocado por nós, elimine os vestígios no tempo.

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