Felicidade

Publicado em abril de 2000 

 

Felicidade é o que todos querem. Dizem alguns cientistas que faz parte de nossa evolução e que a felicidade seja uma forma de recompensa para tudo o que fazemos que contribua para nossa sobrevivência (comer, beber, dormir) ou de nossa espécie (sexo, cuidar dos filhos). Seja como for, fazemos qualquer coisa para ficarmos felizes: mandamos flores e cartões para quem amamos, presenteamos nossos filhos, fazemos cursos de aperfeiçoamento profissional, etc.

Para estes cientistas, a felicidade é um hábito que pode ser cultivado, desempenhando atividades importantes para si: trabalho, relacionamentos, lazer e estudo. Bem como, acreditam que sem depressão e mau humor não seríamos capazes de reconhecer a felicidade em si.

Outros acreditam que a origem da felicidade está nos genes, ou seja, as pessoas felizes já nascem para serem felizes, todos os processos cerebrais que controlam a felicidade e a habilidade de uma pessoa sentir-se bem está pré-determinada no gene.

Em dezembro último, o Surgeon General publicou um relatório mostrando que 7,1% dos norte-americanos entre 18 e 54 anos sofrem de alguma desordem do humor. Alguns especialistas consideram alarmante e recomendaram a esses norte-americanos que procurem tratamento psiquiátrico e terapêutico.

Porém, os psiquiatras “evolucionistas” acreditam que as emoções são o produto de milhões de anos de seleção natural e os mau humores não são necessariamente defeitos que precisam ser corrigidos. Argumentam que ainda não conhecemos o suficiente sobre o humor para alterá-lo com remédios.

Assim, para eles, as emoções, sejam elas positivas ou negativas, existem para nos fazer coisas para os nossos genes. Portanto, ao manipular... E, hoje, o consumo de Prozac e Zolof mais que dobrou desde 1995. Contudo, os problemas com o humor, mesmo a depressão profunda, são mecanismos de alerta, que como outros, nos forçam a cuidar do corpo. Seria uma proteção, que nos induz a ter comportamentos que reduzem  ferimentos piores no futuro.

Em 1998, o psicólogo da Universidade da Pensilvânia e presidente da Associação Americana de Psicologia, professor Martin Seligman, desenvolveu a psicologia positiva. Para ele, deve-se ensinar as pessoas, jovens em especial, a serem alegres e otimistas desenvolvendo sua força de caráter ao invés de analisar as suas fraquezas. Com isso o pesquisador deseja criar uma sociedade mais feliz e mais saudável.

A psicologia positiva destina-se àqueles que não querem desperdiçar anos tomando Prozac ou no divã de um terapeuta, e tem uma solução idealizada por Aristóteles 2350 anos atrás: desenvolver atividades cívicas, uma vida espiritual e social.

Para sustentar sua psicologia, o Dr. Seligan apresenta sua pesquisa desenvolvida durante 30 anos que mostra que os otimistas minimizam seus infortúnios enquanto que os pessimistas culpam-se pelos incidentes e, por outro lado, atribuem à sorte os bons eventos.

Os otimistas acreditam que as boas coisas durarão muito tempo e que terão benefícios de tudo o que fazem e acreditam que as más coisas são isoladas, não durarão muito e não afetarão sua vida. Os pessimistas... Não é preciso dizer, certo? Todo mundo conhece um montão (no bom sentido) de pessimistas (ou...). Assim, de acordo com essa pesquisa, basta desenvolver pensamentos e atitudes otimistas para se viver mais feliz.

Para corroborar essa tese, os cientistas da Universidade de Michigan pesquisando os aposentados verificaram que os mais felizes eram aqueles que têm amigos. E olha que levaram em conta a renda, saúde, morte de cônjuge, etc. Assim, valorizar as amizades é essencial para a sobrevida após a aposentadoria.

Outra pesquisa realizada na Mayo Clinic comprovou que os otimistas vivem mais que os pessimistas, cerca de doze anos a mais. O pior é que os pessimistas, além de viverem menos, sofrem mais. A pesquisa analisou pessoas com o perfil a partir de 1962.

Ser feliz depende mais de você que dos outros, plante que Deus garante! E comece pela própria casa, pelas pessoas que ama. Aliás, dizer que ama já alegra o coração do amado. Felicidade, alegria, otimismo, longevidade, alguém quer?

 

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