Pais estressados

Publicado em março de 2000


Os pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley descobriram que os pais desta década são mais estressados que os da década anterior. Os cientistas Carolyn Pape Cowan e Philip Cowan estudaram cem famílias, que tinham o pai e mãe trabalhando e filhos em torno dos quatro anos. A pesquisa iniciou em 1979.

Bem, temos aqueles casos, talvez o mais comum, em que as mães aconselharam tanto a não casar porque o rapaz era preguiçoso, mulherengo, viciado, violento... Porque a moça só vislumbrava ser madame... Porém, paixão é paixão, ninguém segura o incêndio amoroso.

Bem, nem todos! Há os que controlam suas paixões e casam de acordo com suas conveniências, talvez tenham feito uma escolha pior que os apaixonados. Como dizia meu Padre confessor de Aparecida: se entre os noivos não há um fogo abrasador, melhor separar, algo está errado.

Independente do porque casaram, é sabido o porque terminam: crescentes pressões no trabalho e pouco tempo junto para o casal. Acabam cansados e isolados. E o estresse infiltra-se no relacionamento do casal. As crianças percebem isso e tendem a apresentar mais problemas de comportamento. Ou ainda ficam preocupadas, deprimidas e até mesmo agressivas, acreditando ser sua culpa. Gerando mais tensão para o casal. Desgraça pouca é bobagem!

E um evento corriqueiro como a criança entrar em uma nova escola ou um dos pais mudar de trabalho pode desencadear a deterioração do relacionamento familiar. Na verdade, a família está frágil mas ninguém se havia dado conta.

Os norte-americanos já encaram o problema como uma epidemia nacional. Sabem que precisam fazer pequenas concessões às famílias: os pais precisam de autorização para sair e cuidar dos filhos, ter horários flexíveis e tempo livre para cuidar dos filhos doentes.

Mas nem tudo está perdido. Os pesquisadores estudaram casais que tiveram assistência psicológica para tratar de seus problemas e compararam com os que não tiveram. Enquanto que entre os que tiveram ajuda não houve nenhum caso de divórcio, dos que não tiveram ajuda 15% se divorciaram.

O que ocorre, principalmente, é que não percebem que estão estressados e apresentam uma tendência para culpar o parceiro. Quando, de fato, ambos precisam de um tempo juntos para conviver e não aumentar a distância. Segundo os pesquisadores ainda vale o antigo conselho: conversar. Os resultados? Seus filhos agradecem.

Por isso, uma família bem estruturada (patriarcal ou matriarcal, isto é, com raízes) ajuda a preservar as novas famílias que os filhos formam. Quem não tem família para aconselhar, ou está com grandes problemas ainda pode recorrer a ajuda profissional.

Para prevenir o estresse familiar, a Associação Americana para o Casamento e a Família (www.aamft.org) elaborou uma lista de sinais que os casais devem estar atentos: Insatisfação persistente. Problemas de comportamento das crianças, de adaptação ou desempenho na escola. Problemas ou preocupação sexuais. Fadiga e insônia.

E, ainda, ter dificuldade para conversar com as pessoas. Sentir solidão, mau-humor, tristeza, depressão, ou ansiedade. Problemas com álcool ou drogas. Dificuldades financeiras freqüentes. Sem metas. Variação grande no peso. Alimentação irregular. Raiva ou violência.

Onde buscar ajuda? Os pais, a igreja, o médico. O mais difícil, sem dúvida, é reconhecer que está com a situação fora de controle! Vê-se casais que gritam e se ofendem, traumatizam seus filhos e mesmo assim não enxergam o problema. É a velha história: em terra de cego... Melhorar, assim como andar, basta dar o primeiro passo. Quem tiver ouvidos, que ouça (Mateus 13,43)!

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