Aqua: um bilhão foi para o espaço

 Publicado em dezembro de 2002


No, dia 4 de maio de 2002, foi lançado em órbita da Terra o Satélite Aqua, da norte-americana NASA com a colaboração do Japão e do Brasil, por um foguete Delta II, da Base de Lançamentos de Vandenberg, da Força Aérea Americana, na California, Estados Unidos.

O satélite Aqua faz parte do Sistema de Observação da Terra (EOS – Earth Observing System), um programa da NASA que tem como principal objetivo entender a mudança do clima no planeta, incluindo as provocadas pelo homem.

Esse sistema é composto de três satélites que envolvem diversas instituições de pesquisa e agências espaciais de países da América do Sul e do Norte, Europa, Ásia e Austrália. O primeiro deles, o Terra, já se encontra em órbita. O Aqua é o segundo satélite lançado e o terceiro será o Aura.

O Projeto Aqua visa estudar a atmosfera, oceano e superfície terrestre e suas relações com as mudanças do clima. Uma grande quantidade de informações será coletada sobre o ciclo da água, incluindo a vaporização dos oceanos, vapor d’água na atmosfera, nuvens, precipitações, umidade, gelo no oceano e na superfície, e cobertura de neve. Também serão medidas variáveis como fluxos de energia, aerossóis, cobertura vegetal, fictoplânctons e matéria orgânica nos oceanos, ar, superfície, além da temperatura da água.

Seis instrumentos estão a bordo do satélite. O sensor de umidade, HSB (Humidity Sounder for Brazil), de US$ 11 milhões, é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), foi construído pela empresa inglesa Astrium e pela brasileira Equatorial Sistemas. O processo de integração e testes do sensor brasileiro ficou sob a responsabilidade do INPE. O acordo de cooperação para desenvolver o HSB foi assinado entre a Agência Espacial Brasileira (AEB) e a Nasa em 1996.

O interesse brasileiro pelos dados do HSB, com a obtenção de perfis de umidade, melhorará as previsões do tempo e o acompanhamento das tendências do clima. Os dados deverão ajudar ainda a compreender melhor a floresta amazônica que, atualmente, é monitorada pelos pesquisadores do INPE através de imagens de satélite.

O HSB comporá um avançado sistema de sondagem, juntamente com os outros cinco instrumentos, quatro norte-americanos e um japonês. O HSB jutamente com outros dois outros instrumentos: o AIRS (Atmospheric Infrared Sounder ou Sensor Atmosférico no Infravermelho) e o AMSU-A (Advanced Microwave Sounding Unit ou Unidade Avançada de Sondagem em Microondas) obterão perfis da temperatura e umidade de colunas de ar com grande precisão.

Tive a oportunidade de ser especialmente convidado para desenvolver um equipamento de teste suplementar para o equipamento brasileiro. O satélite custou US$ 1 Bilhão. De dólares mesmo! É imenso e fantástico. Quando estive em Los Angeles, em maio do ano passado, fiquei sem palavras e sem pensamento diante de tanta tecnologia.

E, agora, toda essa tecnologia para fornecer dados está à disposição dos cientistas brasileiros, enquanto durar o satélite. Um verdadeiro negócio da China, para quem souber aproveitar.

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