Evolução ou criação

Publicado em abril de 2004

 

Não pretendo desmerecer nenhuma religião, mesmo porque sou religioso, mas é preciso que a religião não ultrapasse seu limite e queira ensinar ciência baseado na Bíblia. Já observaram quantas religiões do passado já não existem mais? E quantas temos hoje: uma para cada gosto! Milhares de anos de religiosidade e, parece, Deus (ou qualquer um dos deuses de antão) não abençoou muito os seres humanos, já que até o século passado a mortalidade infantil era muito alta, sofria-se muitas dores, morria-se cedo por qualquer doença, mulheres morriam no parto, etc.

Foi o advento da Ciência, através de vacinas, remédios, vitaminas, cirurgias, eletricidade, tratores, aquecedores, refrigeradores e tantos equipamentos da modernidade que promoveram a melhoria na saúde, a longevidade e, claro, a qualidade de vida. A Ciência é o nosso maior benfeitor. Nossa maior bênção.

Por isso, a Religião deve conhecer seu lugar comum, seus limites. Não pode, nem deve concorrer com a Ciência. Se o fizer, já mostrou sua ignorância, sua ausência de Deus, já que estará combatendo o maior bem da humanidade.

Há um grupo de pessoas, alguns cientistas entre eles, denominados criacionista, que defendem que Deus criou o mundo e os seres vivos em seis dias, há alguns milhares de anos, da forma como está no Gênesis. Rejeitam a Teoria da Evolução de Charles Darwin.

Darwin propôs o princípio da seleção natural, ou a espécie adapta-se ou é extinta. Assim a evolução humana levou milhões de anos segundo essa teoria. A grande maioria dos cientista acreditam nisso. Baseiam-se na descoberta de fósseis, ossos de espécies que já não existem mais, como a descoberta de Lucy, um ancestral humano com características dos primatas. Lucy tinha os braços longos, as pernas curtas, dedos e feições semelhantes aos macacos.

A anatomia comparativa mostra-nos que a estrutura de um braço humano é semelhante ao membro anterior de um rato e à asa do morcego. Ora, se houvesse um criador para cada espécie e se cada uma das três espécies não tivesse um ancestral comum, o morcego teria uma estrutura mecanicamente mais eficiente.

Os criacionistas têm atuado nos Estados Unidos e estão conseguindo tirar do currículo escolar o evolucionismo. Os criacionistas já obtiveram sua grande vitória. Nos estados do Alabama, Texas e Nebraska, a evolução é ensinada como uma possibilidade.  E tiraram do currículo do estado de Kansas a Teoria da Evolução e a Teoria do Big Bang, a principal explicação da formação do universo e, curiosamente, proposta por um padre católico, Georges Lemaitre.

Essas duas teorias são fundamentais para a ciência moderna e as escolas que venham adotar regras semelhantes estarão formando pessoas incapacitadas para compreender e participar na solução dos problemas futuros.

Essa atitude é equivalente ao queimar livros na idade média. Estão retornando a ciência ao século XVIII. Esse retrocesso tem respaldo popular e "democrático". Uma pesquisa da Fundação Nacional de Ciência mostrou que mais da metade dos norte-americanos não acreditam na evolução humana a partir de outros animais. Outra pesquisa publicada pela revista Nature em 2000 mostrou que um terço das crianças norte-americanas já não são ensinadas adequadamente. A pesquisa foi conduzida por Lawrence Lerner, professor da Universidade do Estado da Califórnia.

A Teoria da Evolução ensina que a evolução ocorre com a extinção dos menos aptos a se adaptar ao meio. Pena que as extinções não sejam democráticas e só pegam os despreparados, como diria Cristo, que veja quem tem olhos...


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Clair Patterson e a obsessiva medida do chumbo

Feriados e violência

Família e vizinhança afetam o adolescente