Medicina (?) alternativa

Publicado em abril de 2003  

 

A medicina é uma ciência (ou arte) há muito tempo estabelecida e institucionalizada, há todo um protocolo e uma formação a serem respeitados para se exercer a profissão. Uma profissão que lida com a vida, um acontecimento único e incrível que ninguém tem o direito de privar. Portanto, usar o nome de medicina acrescentado a qualquer outra coisa, não sendo uma especialidade não parece digno de se denominar medicina.

Antes de ser medicina alternativa, talvez seja mais bem denominada alternativa à medicina a massagem, quiroprática, ervas, homeopatia e outras terapias não tão usadas ou ensinadas. De qualquer modo, 40% dos norte-americanos utilizam algum tipo de tratamento médico alternativo, de acordo com a pesquisa conduzida pelo Centro Médico Diaconisa Beth Israel. E gastam 27 bilhões de dólares em remédios ou serviços alternativos.

As mais populares são o relaxamento, ervas, massagem e quiroprática. Outras também populares são as curas espirituais, megavitaminas, grupo de auto-ajuda, imagens, dieta comercial, medicamentos populares, energia, homeopatia, hipnose, biofeedback, acupuntura, cartilagem de tubarão, terapia do toque.

O que é mais preocupante é que cerca de 15 milhões de norte-americanos tomam medicamentos e ervas ao mesmo tempo, o que pode causar interações inesperadas. Por razões como essa é que as autoridades norte-americanas estão pesquisando o efeito das terapias alternativas.

A manipulação espinal, um tipo de quiroprática e massagem, não é mais eficiente do que um tratamento com placebo (pílula inerte, de farinha, que é dado ao paciente como se fosse remédio de verdade). Depois de sete semanas, o grupo de controle e o da experiência apresentavam a mesma redução na dor de cabeça. O estudo foi feito em 75 pessoas.

Também a erva Garcinia Cambogia, usada para reduzir o peso e a gordura do corpo. O componente ativo da erva é o ácido hidroxicítrico que se mostrou ineficaz após doze semanas de tratamento em 135 pessoas obesas.

Outro milagre alternativo é o Toque Terapêutico. Os praticantes dessa falácia acreditam que o ser humano possui um campo de energia que pode ser liberado passando a mão a uns 5 cm do corpo do paciente o que reduzirá ou eliminará a dor. Porém, foi desmascarado por uma menina de 11 anos que realizou uma experiência, para um trabalho escolar, comprovando a inexistência do tal campo.

Azar dos norte-americanos que têm 100.000 profissionais do toque treinados em mais de cem faculdades de medicina e enfermagem. E no último ano, treze milhões de pessoas submeteram-se a essa forma de tratamento. Ah! Cada consulta custa ao otário, quero dizer, paciente US$40,00.

E mais, a erva chinesa Aristolochia fangchi, usada para emagrecer ou para tratar a pele, causa danos graves e câncer nos rins. Quanto mais se toma, maior é a chance de desenvolver a doença, ou seja, o efeito é cumulativo. Por isso, a erva teve sua importação proibida nos Estados Unidos da América.

Já o ginseng e a efedra contêm substâncias que aumentam a pressão e não deveriam ser tomadas por pessoas que têm diabetes, pressão alta ou alguma doença no coração. Agora, quem toma remédio para “afinar” o sangue ou um anticoagulante não pode tomar a erva ginko biloba nem mesmo vitamina K.

O complexo chamado PC-SPES, vendido como uma alternativa ao estrogênio, que melhoraria o sistema imunológico nos homens que sofrem de câncer da próstata, na realidade estimula a produção de estrogênio, inflama o peito e diminui a Libido. Vai otário, toma natural sem orientação de um médico competente que naturalmente você vai...

Contra o resfriado tem o extrato Echinacea, muito popular, cerca de um quinto dos norte-americanos tomam, mas na prática, apenas gastam dinheiro. Não há outro remédio para o resfriado, ou melhor, para o sintoma além da anti-histamina e do ibuprofen.

Por outro lado, os exercícios de yoga mostraram-se mais eficazes no combate da inflamação do carpo e redução da dor causada pelos movimentos repetitivos, como digitação, do que o uso de braceletes fixadores do pulso. Outras técnicas e ervas já tiveram sua eficácia comprovada, mas todo cuidado ainda é pouco, principalmente com as ervas para usos amorosos.

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