O que os pais podem fazer

 Publicado em setembro de 2002


Que coisa fantástica é criar e educar bem os filhos enquanto a grande maioria fica à mercê da "sorte" social. Será que realmente o poder dos pais pode ser maior que o da sociedade, ou seja, que os (mal) amigos das crianças?

Eu sempre acreditei que sim, desde os meus dez anos quando li meu primeiro livro sobre psicologia na Biblioteca Municipal. E, agora, pesquisadores da Universidade de Michigan identificaram o que os pais podem (e devem) fazer para influenciar o ajuste emocional e o sucesso acadêmico dos seus filhos.

Os pesquisadores observaram que os pais que têm grandes expectativas nos seus filhos e gastam tempo com eles têm como resultado filhos mais bem sucedidos. Independente de raça, saúde e outros fatores. O simples fato dos pais acreditarem no sucesso escolar de seus filhos faz com que eles melhorem suas notas. É difícil ser otimistas e transmitir confiança?

As crianças mais felizes, menos deprimidas e com os menores problemas de comportamento são os que têm com os pais um relacionamento afetuoso. Viu, machão? Abraçar seus filhos, dizer que os ama, que tem orgulho deles, só faz bem! Mude de atitude, panacão!

Mudar de escola várias vezes por ano não faz bem para as crianças. Para as que mudaram de escola mais de uma vez no ano anterior à pesquisa, os pesquisadores constataram seis vezes mais problemas de comportamento do que naquelas que não mudaram de escola ou só mudaram uma vez. Ao que parece, a estabilidade (e permanência) do relacionamento é importante, seja com os colegas ou professores.

A educação formal dos pais é muito importante, quanto mais escola os pais têm, melhor vão os filhos na escola, pelo menos em provas de matemática e língua. Portanto, vale a pena continuar a estudar e conseguir aquele diploma. Talvez os pais estudados tenham algo a mais para falar com seus filhos, além do futebol. Por outro lado, ter muitos filhos não é bom. Para cada filho a mais, pior é o resultado nos testes de língua. Quanto mais filhos, mais a atenção é dividida, maior o ciúme, menor a unidade.

Os pais podem acompanhar o uso do tempo de seus filhos pois a média das crianças norte-americanas é passar 12 horas por semana assistindo televisão e apenas 1,3 horas lendo. Segundo os pesquisadores, para cada hora a mais gasta em leitura representa 0,5 ponto a mais nas provas, enquanto que para cada 5 horas a mais de TV representa 0,5 ponto a menos. Não só mande seus filhos lerem, leia você junto também. Se eles ainda não sabem ler, acostume-os a ouvi-lo lendo um livro. O exemplo, sabe como é...

O casal ainda é a melhor maneira de criar um ambiente estável para os filhos. As crianças que têm o pai separado da mãe vão pior na escola e apresentam mais problemas emocionais do que aquelas que têm pai e mãe juntos. Antes do divórcio, considere as suas crianças. Aliás, metade delas é oriunda do seu cônjuge e que é amado muito pelas suas crianças. E como não amar (respeitar, desejar o bem, suportar, etc) a quem nossas crianças amam tanto?

E por falar em presença paterna, uma pesquisa feita pela Universidade de Maryland, Estados Unidos, que estudou 855 crianças, verificou que a simples presença do pai na vida da criança faz com que essas crianças tenham uma melhor auto-estima e apresentam menor sinal de depressão que as crianças que não têm pai. Os pesquisadores não levaram em conta se o pai é um bom pai ou não. A pesquisa também não afirma que as mães que criam seus filhos sozinhas não cumpram bem essa função.

Uma pesquisa realizada pelo Hospital Infantil da Filadélfia, Estados Unidos da América, constatou que a maior causa de ferimentos e mortes de crianças é devido a condutas perigosas. Um provável indutor é a televisão, de 216 programas infantis na televisão, quase metade deles apresentou pelo menos um mau exemplo para as crianças.

Assim, vimos que o futuro de seus filhos depende, antes de qualquer outra coisa, muito de suas ações. Portanto, pense muito sobre o que você faz e fará por seus filhos.

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