O placebo é necessário?

Publicado em abril de 2004

 

Está crescendo o número de cientistas que pesquisam novas drogas para se combater o câncer que abominam a necessidade de se usar placebo para confirmar os resultados das drogas testadas.

O placebo é uma pílula de algum material inerte que não prejudica nem beneficia o organismo, com o açúcar ou a farinha. Quando se testa algum medicamento, os pacientes voluntários tomam pílulas sem saber se é o medicamento ou o placebo. Também os aplicadores não podem saber quem toma remédio e quem toma placebo. Isso é feito para se eliminar o efeito da sugestão (“o poder da mente”) ou qualquer subjetividade da interpretação no tratamento. É conhecido como método duplo-cego.

O uso do placebo traz um questionamento Ético, quando os pacientes que tomam placebo começam a morrer diante dos olhos dos pesquisadores. Foi o que aconteceu com os testes do AZT. O pesquisador desistiu da pesquisa e aplicou AZT também para os que tomavam placebo.

Somente nos Estados Unidos, milhares de novas drogas são testados todos os anos para se averiguar não só a eficiência mas também a segurança do medicamento. E, depois de tantos testes, muitos médicos estão afirmando que fornecer placebo a pacientes com câncer avançado está moralmente errado.

Segundo o Dr. Lawrence Baker da Universidade de Michigan, toda essa confusão e depressão causada no grupo de controle (que toma placebo) é desnecessária pois todas as drogas que estão no mercado e foram testadas contra placebo já haviam mostrado atividade suficiente para se evitar o placebo.

Para se testar novas drogas contra o câncer, que retardam o crescimento do tumor, a Pfizer adota o procedimento de se abandonar o placebo para aqueles pacientes que tiveram um crescimento do tumor maior que 20%. É uma evolução mas ainda não suficiente no entender do pesquisador de Michigan.

Diante da divergência existente entre os cientistas, a discussão deve sair do meio acadêmico e ganhar os ouvidos da sociedade que deveria ser ouvida, democraticamente, e escolher quais métodos científicos os cientistas que estão a seu serviço deveriam seguir.

 

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